Será que cheguei pelo meu blog demergulhonaarte vi lá meu endereço, cliquei mas não foi.
De todas as maneiras que o acesso não vem. Não sei se concluirei esta mensagem ,mas se der certo quero deixar aqui , que vc faz muita falta ,lá. Eu adoro postar para vc .Ria só de abrir seu blog, e tinha o maior prazer comentar seus artigos.
Deletei todos que me abandonaram. Depois sofrir para burro E uma confusão danada aconteceu , Ainda não estou exenta deles deletar-me. Não sei pq estão me poupando,penso que é pra fazer me sofre. Hoje mesmo veio um comentario ,que um texto postado e com o nome do autor, que veio por e-mail e esta escrito assim eles criticaram, Fuçam, já faziam isso, e eu retiro o texto , acho mais fácil. Mas nada provado..Tenho muito cuidado, trabalho sério isto. Uma denuncia foi o suficente para pegarem no pé
Mas ,é o diabo, por não saber informática o Blogoranma dou conta. Já tentei outros e não dou conta.
Deixo um beijo para vc e sucesso, viu.? Não me póe na lista de procurados. Bjinhos carinhosos
Dirce
De Mergulho na Arte
Com este blog pretendo postar assuntos sobre Arte e outros assuntos.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
O PATINHO QUE NÃO SABIA VOAR
O PATINHO QUE NÃO SABIA VOAR
RUBENS ALVES
Taco
era um patinho. Era amarelo e fofo como todos os patinhos, quando
acabam de sair dos ovos. Mamãe pata olhava feliz para Taco e seus nove
irmãozinhos.
Papai pato conversava com os amigos e dizia, orgulhosos que seus filhos
haveriam de ser lindos patos selvagens, capazes de voar longe, muito
longe livres...
Brincavam o dia inteiro, fazendo uma enorme gritaria, com toda a
criançada da vizinhança: os sabiás, os beija-flores, os coelhinhos.
E chegaram mesmo a ficar amigos de uns peixinhos, com quem gostavam de apostar corrida no ribeirão.
Tudo era só brincadeira até que o pai chamou todos os patinhos e, com ar muito sério disse:
-Chegou a hora de começar o treinamento para a liberdade. Taco
perguntou logo se liberdade era coisa de comer, se era doce ou azeda.
Nenhum patinho tinha ouvido esta palavra antes.
Papai pato deu uma risada e disse:
- Não, não é nada disto.
Liberdade é poder fazer aquilo que agente quer muito, muito mesmo. O
que as nuvens mais querem é virar chuva. Porque a chuva faz as plantas
brotarem.
E as nuvens ficam felizes quando viram chuva.
O que os sabiás mais querem é começar a cantar, antes do sol nascer,
aquele canto triste e comprido, que faz com que todos os bichos fiquem
felizes porque os sábias existem. O mundo seria tão triste sem eles...
O que os beija-flores mais querem é ser capazes de bater as asas tão
rápido, que ninguém vê, e ficar voando, parados, na frente das flores,
sugando o seu melzinho.
As flores sorriem para os beija-flores e os beija-flores sorriem para elas. E todos se sentem felizes.
O que as rosas mais desejam é tomar um banho de sol e espalhar o seu perfume...
E há um peixe que tem um desejo enorme de voltar às nascentes do rio onde nasceu.
E para voltar a este lugar encantado ele é capaz mesmo de soltar sobre cachoeiras...
-E nós, que é que nós mais queremos?- perguntou um dos irmãozinhos.
-Nós somos patos selvagens. Nosso maior desejo mais fundo, a coisa que
mais queremos , é voar. Voar alto. Voar muito alto.
Voes verão, quando crescerem um pouco mais. Vocês sabem o que é
saudade? Saudade é uma coisa que a gente sente quando alguém muito
querido partiu e está muito longe. Saudade dói. Às vezes a gente chora
de saudade. Pois bem: isto, que nós patos selvagens sentimos, se parece
com saudade. Do mesmo jeito que o peixe faz tudo para voltar ao lugar
onde nasceu, nós fazemos tudo para chegar às alturas. Nós nascemos para
viver nas alturas.
Lá
no alto é maravilhoso, continuou o pai. Ás vezes, de tarde, o sol vai
se pondo, escondendo-se atrás das montanhas. As nuvens vão ficando
vermelhas. Todos os bichos vão voltando para suas casas. As árvores, as
matas, as montanhas, o vento, tudo está quietinho. Como se estivesse
rezando. Só se ouve o flap-flap das nossas asas. E a gente sente que
aquele momento é a coisa mais bonita da vida inteira...
Taco desatou numa gargalhada.
- Que é isto, papai? Voar nestas alturas? Aqui embaixo está tão bom. Eu
não sei voar e não quero aprender a voar. Corro muito bem, brinco de
pique, sei nadar, me divirto á beça com a meninada... Que coisa mais
gostosa pode existir na vida?
Não existe nada que eu troque por uma brincadeira de esconde-esconde com os coelhinhos e os pardais...
O papai Pato parou de sorrir.
Seus olhos ficaram tristes.
Ele pensou antes de falar.
- Eu não queria falar sobre isto agora, porque é muito triste. Mas o
pato que não aprende a ser livre acaba virando pato doméstico.
- O que é isto, pato doméstico?- perguntou um dos patinhos com um bocadinho de medo.
- A gente fica doméstico quando arranja um dono.
- E o que é isso? – perguntou Taco.
-Entre nós, bichos, não havia dono. Ninguém era dono de ninguém.
Ninguém era animal doméstico. Foram os homens que inventaram isto.vieram
os homens com laços e redes e puseram os animais dentro de cercados e
os obrigaram a trabalhar para eles.
Os cavalos, em outros tempos tão orgulhosos e livres, correndo pela campinas, viraram bestas de montaria e de carga.
Não podem fazer o que querem porque os homens puseram freios nas suas bocas e apertam suas barrigas com esporas...
Ah! Como eles choram de noite por haver perdido sua liberdade.
Coisa parecida aconteceu com os cachorros, galinhas, vacas e bois,
continuou o
pai.
Não são donos dos seus narizes. Têm de fazer o que os homens mandam. E
quando não obedecem, apanham. Às vezes, quando não servem para mais
nada, são mortos para serem comidos como churrasco ou como galinha
assada. E a mesma coisa acontece com os patos que não aprendem a ser
livres. Acabam virando animais domésticos. Passam a ter um dono...
Os patinhos estremeceram. Mas o pai continuou.
- Os homens descobriram, depois, que eles podiam domesticar uns aos outros, também.
E passaram a fazer uns aos outros aquilo que tinham feito aos
animais. Os mais forte ficaram donos dos mais fracos. Os mais fracos são
obrigados a fazer a vontade dos mais fortes. E há homens e mulheres,
centenas, milhares, que passam a vida inteira sem realizar o seu desejo
mais profundo, aquilo que nos faz felizes. Só sabem fazer a vontade dos
outros.
Eles não aprenderam a liberdade.
Foram domesticados.
Taco, nesta hora, estava mais interessado em acompanhar o vôo de uma
borboleta. Foi quando um bando de pardais passou, fazendo algazarra, com
um convite:
- Vamos brincar de pega?
Taco, cansado com o “papo-furado’ do pai, saiu correndo e desapareceu.
Foi atrás dos pardais. Brincar na verdade, era a única coisa que lhe
interessava.
“Meu pai se preocupa demais com a vida” , ele pensou.
“Ainda há muito tempo. Depois eu penso nessa coisa chamada liberdade. A vida é muito boa...”.
Os outros patinhos começaram o treinamento.
Passavam horas a fio batendo as asas. Suas asas deveriam ser fortes
para voar por muito tempo. Aprenderam a respeitar fundo porque, para
voar nas alturas precisariam de muito ar. Seu pai lhe ensinou a voar sem
esbarrar uns nos outros. E assim o tempo foi passando. Ficavam
cansados. E tinham muita inveja do Taco, despreocupado.
O tempo passou.
O inverno foi chegando, aos poucos. O sol se escondia mais cedo. As
folhas das árvores começaram a cair. A comida foi ficando mais difícil.
Taco notou que não havia mais companheiros para a brincadeira...
pareciam que todos haviam se escondido. Bandos de patos selvagens
começaram a passar, voando lá nas alturas, perto das nuvens. Estavam de
viagem, indo para onde era mais quente, para onde havia mais comida. Ele
notou que sua família também se preparava para a viagem.
Chegara a hora que ele pensara nunca havia de chegar. E ele começou a
ter medo. Ele nunca havia treinado para ser livre. Nunca havia voado nas
alturas. Apalpou os músculos de suas asas. Eram fraquinhos,
murchos...mas era tarde demais.
Chegou o dia da partida. Toda a família se reuniu e veio a ordem:
- Bater as asas...
Todos começaram a bater suas asas para esquentar o corpo.
- Voar – grasnou o pai.
Todos se elevaram.
Menos o taco. Seu pai o viu, sozinho, no chão. Disse à mãe que continuasse.
Haviam de se encontrar depois.
Ele tinha de ficar para proteger o filho que não treinara para a liberdade.
Fez uma longa cursa e voltou.
Taco não conseguiu mesmo voar.
O remédio era ficar, na esperança de que conseguiriam sobreviver.
A comida faltava. O pai tinha que voar longas distâncias para buscar
comida. Aí chegaram os caçadores. Ninguém os viu. Só se ouvia o trovão
de suas espingardas, ao longe. Um dia seu pai saiu e não voltou mais. Aí
os caçadores apareceram, com seus laços e redes, em busca dos animais
que poderiam ser domesticados. Taco tentou fugir, nadando. Mas uma
grande rede redonda caiu sobre ele.
Foi levado para um sítio e bem tratado. A vida não era má. Ele tinha
milho a vontade. Mas uma de suas asas foi cortada para não voar. E foi
colocado atrás de uma cerca. Havia se transformado em um pato doméstico.
Foi engordando, engordando... Quando o inverno ia chegando, havia o
grasnar dos patos selvagens, voando lá nas alturas, brilhando sob a luz
do sol.
Foi só então que ele compreendeu o que seu pai lhe havia dito. Sentia
um desejo profundo, lá no fundo, coisa doída parecida com saudade.
Queria voar, voar com todos os patos selvagens.
Por um momento esqueceu-se de tudo. Abriu suas asas, bateu-as com toda a
força que era capaz. Chegou até a levantar os pés do chão. Mas era
inútil. Muito gordo, músculos moles, asa cortada. Era um pato doméstico.
O pato selvagem só vivia lá dentro do seu coração, como um grande desejo.
Duas grossas lágrimas rolaram pela sua face.
Mas elas não adiantavam de nada.
Nesta hora, abriu-se a porta do cercadinho e seu dono jogou um punhado de milho.
Mas ele não tinha fome.
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